Então,
Sense8 foi cancelada. Choros, gritos, lágrimas, "pegação coletiva" como forma de protesto. Enfim, nada deu certo, e perdemos
uma das séries mais legais da Netflix. Mas por que estou falando de Sense8 em
um post sobre Dear White People?
Depois
que li esse texto do Contraditorium percebi que Sense8 era uma série com orçamento gigante mas
retorno medíocre. O autor do post não tinha dados da audiência do programa na
Netflix mas mostrou por A mais B que o Buzz gerado pela série das irmãs
Wachowski na internet era muito menor ao de outras séries mais baratas, como
House Of Cards ou até mesmo Orange is The New Black. Ou seja, mesmo que a
audiência fosse baixa, nem o engajamento das pessoas ao redor da série
justificaria uma nova temporada.
Daí
entra esse post sobre Dear White People, série que estreou esse ano também na
Netflix e que está entre as minhas favoritas produzidas pelo serviço de
Streaming. A segunda temporada de Dear White People ainda não foi confirmada e
resolvi fazer a minha parte para isso acontecer - tentar convencer quem está
lendo a assistir essa produção (ou ao menos descobrir que essa série existe por
lá).

Mas
do que fala Dear White People?
A
série acompanha Sam, uma garota que tem um programa na rádio da faculdade
chamado "Cara Gente Branca". Nele, Sam escancara o racismo que existe
na Universidade, seja em frases, gestos ou atitudes. O auge desse racismo é a
festa "Blackface" em que vários brancos comparecem com os rostos
pintados de preto, algo considerado extremamente racista (para entender melhor
o porquê é considerado assim, leia esse texto).
Sam
é a típica militante de uma causa que acredita, o que faz com que se torne um
pouco monotemática. Felizmente essa aura de perfeita defensora da causa negra é
quebrada quando descobrimos que o
namorado de Sam é branco. Não que haja problema nisso mas, em seu programa
de rádio e posts nas redes sociais, Sam escreve justamente contra isso, daí vem
a incongruência.
Partindo
dessa premissa, cada episódio de "Dear White People" é focado em um
personagem diferente. O primeiro episódio foca em Sam e seu relacionamento
interracial, depois Lionel, que busca seu espaço como um gay afroamericano
dentro do campus, depois Coco, uma jovem que faz o possível para esconder suas
raízes negras e Troy, que tem que bancar o filho perfeito do diretor.
No
último episódio todos esses pontos de vistas são mostrados de forma
intercalada, para que possamos ver a mesma situação pelos olhos de vários
personagens.
Por
que você deve assistir
Com
tudo o que falei acima você já deve estar imaginando um dramão, certo? Mas,
apesar dos temas pesados, Dear White People é uma série que trata de todos
esses assuntos com bom humor ou, ao menos, uma ironia muito divertida. Claro,
alguns episódios tem uma carga mais pesada mas, quando pensamos em todos os
questionamentos que a série traz (cor, sexualidade, classe social...) até que o
drama é bem equilibrado.
Além
disso, são 10 episódios que tem entre 20/30 minutos cada um. Eu, que sou a
pessoa mais lenta possível para assistir qualquer série, vi toda a primeira
temporada em uma única semana. Ajuda muito o tom bem humorado e a curta duração
dos episódios, porque você assiste um atrás do outro, sem perceber.
Claro,
a produção não é perfeita. A maior limitação de "Dear White People" é
que é uma série muito segmentada: o público-alvo dela são os negros
norte-americanos. Os americanos tem toda uma cultura de segregação aos negros e
a série trata muito disso. Para um brasileiro, que cresceu numa sociedade teoricamente
miscigenada, algumas considerações ali parecem um tanto estranhas - o namorado
branco da Sam ou o fato da personagem ser "mestiça" e, portanto, mais
privilegiada, são apenas um exemplo.
No
entanto, há diversas discussões ali que podem ser aproveitadas para a nossa
realidade. E, mais do que isso, a série é bem legal, tem personagens diferentes
e carismáticos, não faz juízo de valor sobre as atitudes de seu protagonista
(Sam não é melhor do que Coco por ser militante) e faz você rir ao mesmo tempo
em que pensa sobre o racismo na nossa sociedade, principalmente entre os
jovens.

Então...
bora assistir?
Apesar
desses porém's na construção do roteiro e na segmentação para um público bem
específico, recomendo 'Dear White People' para qualquer pessoa, negro ou
branco, militante, não-militante, hetéro ou LGBTQ+.
Depois que escrevi esse Post a Netflix anunciou que sense8 vai ter final hahaha
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