Num dia comum da movimentada
capital carioca, uma cena chama a atenção: uma mulher que, segundo espectadores
teria tentado furtar a bolsa de outra, fora impedida por um transeunte e
espancada pelo mesmo até ficar inconsciente, permanecendo no chão. Situações
como essa têm sido tidas como naturais, e os "justiceiros" - agentes
da agressão - a cada dia têm tomado
espaço e força - da sociedade vitimada - nesse cenário.
Há quem seja adepto dessa prática
adaptada da Lei de Talião (Olho por olho, dente por dente) com a afirmativa de
que não há uma estrutura de segurança que represente o cidadão brasileiro, e
ainda responsabiliza o Estado, afirmando que a pobreza seja relativa à
criminalidade, dado esse que classifica o Brasil como um dos países mais
violentos e inseguros do planeta. Mas seria realmente essa falsa legítima
defesa a percursora principal de tais práticas?
Não é necessário buscar muito
longe tal resposta; nos anos de escravatura brasileira a violência já era
deliberada dos dominadores aos subordinados pelo direito de posse e
estratificação social. Ou seja, faria mais sentido que a classe subordinada
fosse a vítima e não agressora se olhado pela ângulo reflexivo da situação.

Um dado interessante a ser
acrescentado, considera a atividade distante das justificativas dadas como
punitivas, visto que, a violência com que o meliante é punido é na maioria das
vezes maior que a violência que o mesmo cometeu. Ora, de fato não há uma real
finalidade corretiva nas ações dos justiceiros, mas uma iniciação de barbárie
motivada pela saturação do descaso com que é tratada a segurança pública.
Logo, o cidadão não dever ser o
responsável direto por sua proteção, uma vez que, ao Estado cabe tal dever
incluído na arrecadação de impostos, ainda que não totalmente eficiente,
necessitante assim de uma aplicação mais incisiva da legislação e um
reforçamento militar mais intenso nas ruas, para que se possa fazer o mínimo
esboço de real segurança. É isso ou teremos que nos acostumar a ver cenas como
a citada no início fazendo parte de mais um episódio comum do nosso cotidiano.
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